KaosArte

O Pasto da Koltura do KaosInTheGarden

Saturday, February 25, 2006

Kandinsky: A Arte como expressão do mundo

(Ravine Improvisation, 1914)

Antes da guerra, o diapasão era dramático. Época cheia de problemas, de pressentimentos, de interpretações várias e contradições, em que uma harmonização parecia menos oportuna - luta de tons, equilíbrio perdido, inesperados rufos de tambores, aspirações aparentemente sem rumo, ímpeto despedaçado... E a partir de tudo isto construir um todo que era o quadro.
A pintura procura «novas formas» e muito poucos sabem ainda que isto foi uma procura inconsciente de um novo conteúdo. Todas as épocas estão limitadas por uma medida de liberdade artística própria e nem a força mais genial ousa saltar por cima dos limites dessa liberdade. Mas essa medida tem que ser e é sempre esgotada. Que as forças rebeldes se revoltem como entenderem por mais que essa liberdade resista.
Desde 1914 que cresceu em mim o desejo de uma «serenidade fria» - nada de hirto, mas de frio, muito frio, às vezes tão frio como o gelo - num invólcro gelado, «recheios» a arder em brasa. Um disfarce... Debaixo do gelo corre às vezes água quente. A Natureza trabalha por meio de contrastes. - O meu desejo hoje é ir «mais longe! Mais longe». Polifonia, como diz o músico. - União interior pela desunião exterior, coesão através da dissolução e da dilaceração. No desassossego serenidade, na serenidade inquietação. O «processo» do quadro não deve desenrolar-se na superfície da tela, mas «algures» no espaço «ilusório». Da mentira (Abstracção!) deve falar a verdade. A verdade sã, que se chama «Eu estou aqui». Kandinsky (1866-1944)

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